Em pleno Parque Natural do Vale do Guadiana, Mértola é uma autêntica pérola, repleta de história. Percorrer as suas ruas é explorar um passado grandioso e observar um vasto património que confere a Mértola o rótulo de Vila Museu. Graças a sucessivas campanhas arqueológicas, é possível, nos dias de hoje, observar vários vestígios e artefactos das antigas cidades romana e islâmica. Todo este património é uma prova viva da sua identidade e dos seus antepassados.

No entanto, Mértola não se resume ao que podemos encontrar dentro das sua muralhas, sendo um excelente ponto de partida para explorar vários itinerários e descobrir as belezas do Baixo Alentejo. Nos próximos parágrafos, vamos partilhar o nosso roteiro para visitar a Vila Museu e também algumas dicas e sugestões para explorar alguns pontos de interesse do Concelho de Mértola.

Depois de termos explorado a cidade de Elvas, seguimos o nosso roteiro em direcção ao sul, onde a próxima paragem foi Mértola. Era já de noite quando chegámos ao nosso alojamento – a Casa da Tia Amália – um alojamento localizado na aldeia piscatória de Além Rio. De manhã, quando despertamos, a vista do nosso quarto era esta… um autêntico postal!

Gostámos tanto desta vista que acabámos por ficar, toda a manhã, num banco de jardim a absorver toda a beleza e energia deste local. É assim que gostámos de viajar, devagar e sentir o destino! Se tiver oportunidade, não deixe de visitar este miradouro (ver localização no mapa interactivo). Permite-nos ter uma vista panorâmica de Mértola e de toda a sua envolvência com o Rio Guadiana a serpentear calmamente.

Sem darmos pelo tempo passar, era chegada a hora de restabelecer energias e resolvemos almoçar no restaurante Casa Amarela, localizado mesmo junto ao miradouro. É uma excelente opção, com umas vistas incríveis e com algumas opções vegetarianas, o que para nós é essencial. Aproveitamos também para experimentar um dos pratos típicos desta zona do país – o Gaspacho. No nosso caso foi um delicioso Gaspacho de Melancia. O serviço foi impecável e por isso recomendamos este espaço.

Completamente satisfeitos e cheios de energia, fomos buscar o carro e seguimos para o centro de Mértola onde passaríamos a tarde a visitar a Vila Museu e todos os seus pontos de interesse. A nossa visita, propriamente dita, começou na Cooperativa Oficina de Tecelagem de Mértola, onde fomos muito bem recebidos e onde é possível apreciar a criação de alguns objectos pelos artesãos. Aqui também podemos observar uma exposição permanente de materiais islâmicos, desde louças, tapeçarias, cerâmicas, brincos e anéis.

A entrada é gratuita e é possível adquirir lembranças ou algumas peças de tecelagem disponíveis para venda ao público.

Depois seguimos para a Igreja Matriz de Mértola, também conhecida por Igreja de Nossa Senhora da Assunção ou Nossa Senhora de Entrevinhas. Outrora foi a Mesquita de Mértola e actualmente é um dos monumentos mais emblemáticos da cidade. Tal como outros templos islâmicos peninsulares, a mesquita foi transformada numa igreja após a reconquista do território aos muçulmanos.

Neste local é possível visitar um dos 14 núcleos museológicos temáticos que constituem o Museu de Mértola. Na cave da antiga sacristia do século XVI é possível observar os alicerces do edifício e conhecer as várias fases da ocupação do espaço. A entrada é gratuita!

ⓘ O Museu de Mértola é constituído por 14 núcleos temáticos, sendo eles: Alcáçova e Casa Islâmica; Arte Islâmica; Arte Sacra; Basílica Paleocristã; Casa do Mineiro; Casa de Mértola; Casa Romana; Castelo; Ermida e Necrópole de São Sebastião; Forja do Ferreiro; Mosteiro, Igreja Matriz de Mértola; Oficina de Tecelagem; Alcaria dos Javazes.

O espaço que visitámos a seguir foi o Castelo de Mértola. Alicerçado sobre estruturas islâmicas, o castelo destaca-se no ponto mais alto da vila, com as casas brancas a trepar pela encosta. Virado para o Rio Guadiana, ainda é bem visível um troço da muralha, com cerca de 1 quilómetro, que protegia o aglomerado medieval dos invasores. A entrada no castelo é gratuita e vale a pena percorrer a pé as muralhas ao mesmo tempo que se aprecia uma vista soberba de Mértola. Também é possível visitar a Torre de Menagem do Castelo, a entrada tem um custo de 2 euros e permite explorar um dos núcleos temáticos do Museu de Mértola.

Pela informação que nos foi dada, é frequente haver exposições na galeria do Castelo de Mértola. Na altura que o visitámos, tivemos a oportunidade de visualizar uma exposição intitulada “A porta do Mar” do artista Guilherme Parente.

Ainda nesta zona, do lado norte do castelo, podemos visitar a Alcáçova e a Casa Islâmica que é um dos locais privilegiados para a investigação arqueológica em Mértola. Aqui podemos observar vestígios do fórum da antiga cidade romana de Myrtilis e de um bairro islâmico, aquando da ocupação muçulmana.

Posteriormente, iniciamos a descida em direcção ao rio até encontrar-mos a Torre do Relógio. Esta torre é um dos elementos mais emblemáticos de Mértola e foi construída no lugar de um antigo torreão da muralha. O relógio original deu lugar ao actual que marca o tempo na zona histórica.

SUGESTÃO: Suba as escadas e no topo tem uma pequena varanda onde pode apreciar mais uma vista fantástica de Mértola e do Rio Guadiana.

A partir daqui, guardamos o mapa que tínhamos e continuamos a percorrer as estreitas e bonitas ruas do centro histórico de Mértola até nos “perdermos”. Esta é, sem dúvida alguma, uma das melhores formas de conhecer e explorar a parte antiga. Sem pressas e em plena contemplação, em cada esquina somos surpreendidos com a beleza deste local. As imagens que aqui partilhamos, falam por si!

Com o final do dia a aproximar-se, era hora de voltar para carro e regressar ao nosso alojamento. Antes de o fazer, ainda passamos no Mercado Municipal para comprar alguma fruta e legumes para o jantar, que seria confecionado por nós, na cozinha da Casa da Tia Amalia.

No segundo dia da nossa estadia, planeamos visitar alguns pontos de interesse do Parque Natural do Vale do Guadiana, que facilmente podem ser explorados a partir de Mértola. Começamos o dia bem cedo e às 08h30 já estávamos a tomar o pequeno almoço no Café Guadiana, localizado bem no centro de Mértola.

Antes de nos dirigirmos para a primeira visita do dia, ainda tivemos um tempinho para levantar o nosso drone e registar estas belas imagens aéreas de Mértola. 

O primeiro local que decidimos explorar foi a Cascata do Pulo do Lobo ou simplesmente Pulo do Lobo. A sensivelmente 30 quilómetros de Mértola (por estrada), o Pulo do Lobo é a maior queda de água do sul de Portugal e é um dos ex-libris do Parque Natural do Vale do Guadiana. O seu nome tem a ver com a proximidade das duas margens do rio que, pelo facto de formarem uma garganta bastante estreita, permitia aos lobos saltarem de uma margem para a outra.

O acesso ao Pulo do Lobo pode ser feito através das duas margens do rio. Nós partimos de Mértola, em direcção a Beja até chegar à Aldeia da Amendoeira. Daqui é só seguir as indicações e caso encontre uma cancela fechada, não se assuste, o caminho é por aí! Parte do caminho é em terra batida e ao chegar à margem esquerda da cascata tem espaço para estacionar o carro. Pelo outro lado, também é possível visitar a cascata, a partir de Serpa em direcção à Aldeia de Vale de Poços. Deste lado tem ainda um novo atractivo que são os Passadiços do Pulo do Lobo que permitem o acesso ao local de forma mais fácil e privilegiada.

SUGESTÃO: Um pouco mais à frente da cascata do Pulo do Lobo, não deixe de observar o Pego dos Sáveis, local onde as águas subitamente tranquilizam e formam um bonito lago.

Daqui, seguimos para a Mina de São Domingos para explorar o antigo complexo mineiro de onde eram extraídos vários minérios como o Ouro, Prata e Cobre. Este local não deixa ninguém indiferente pela sua grandiosidade e contrastes. É possível visitar o espaço com um guia, através da Fundação Serrão Martins/Casa do Mineiro que realiza visitas guiadas ao circuito urbano e antigo complexo mineiro da Mina de São Domingos. O preço da visita guiada é de 3 euros por pessoa e pode escolher entre 2 roteiros temáticos: Itinerário 1 – Minas de São Domingos|A História da Aldeia Mineira, com a duração de 2h e é realizado a pé; Itinerário 2 – Rota do Mineiro|Entre a Mina de São Domingos e o Pomarão, com a duração de 3h30 e é realizado de carro.

No caso de pretender visitar o local sem guia, que foi o nosso caso, sugerimos que faça o circuito industrial, seguindo a sinalização e todas as recomendações de segurança. Uma forma fácil de se orientar é seguir as indicações do Mapa da Mina de São Domingos. 

Para terminar o dia em grande, fomos até à Praia Fluvial da Tapada Grande, localizada na Mina de São Domingos e que é, desde 2012, galardoada com a Bandeira Azul. De facto, tivemos a oportunidade de confirmar que é um local fantástico para a prática balnear com todos as infra-estruturas necessárias para um dia bem passado. Entre outros, aqui temos à nossa disposição um anfiteatro ao ar livre, um parque de merendas, um espaço infantil, um bar/restaurante e um extenso areal.

Durante a época balnear, a Câmara Municipal de Mértola organiza várias actividades de animação para dinamizar o espaço. De entre as actividades, os destaques vão para o cinema ao ar livre nas noites de Domingo, os concertos e a biblioteca de praia. Em Agosto, um evento a não perder é o Mértola Radical que se realiza neste espaço. Na praia também é possível alugar canoas para explorar a albufeira da Tapada Grande.

E foi com este magnifico Pôr do Sol que nos despedimos de Mértola, com a certeza de um “até breve”!

MAPA DE MÉRTOLA

Todos os locais mencionados neste texto estão identificados no mapa para que seja mais fácil orientar-se e ter uma ideia geral de Mértola. Para visualizar a legenda, basta clicar no botão que está no canto superior esquerdo.

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